Barroco


Música no Barroco

No Barroco, a música muda tanto na sua forma quanto na sua instrumentação.

Em 1721, a Orquestra do Imperial da Corte de Viena, era composta por cerca 72 músicos:

  • 6 organistas
  • 23 violinos
  • 1 viola da gamba
  • 4 violoncelos
  • 3 contrabaixos
  • 1 alaúde
  • 5 oboé
  • 4 fagotes
  • 2 cornetas
  • 16 trompetes (aqui incluídos os trompetistas cerimoniais da Corte)
  • 1 trompa de caça
  • 4 trombones
  • 2 timpanos
Fabricante de instrumentos e sua esposa - Martin Engelbrecht (1684 - 1756) - Augsburg, Alemanh - Flatschart Horns
Fig. 1 – Fabricante de instrumentos e sua esposa – Martin Engelbrecht (1684-1756) – Augsburg, Alemanha

A Trompa no Barroco (1640-1750)

Trompa barroca construída por Starck, em Nürnberg, 1667 - Provavelmente a mais antiga trompa com característica atuais preservada - Em exposição no Museu da Música de Copenhagen na Dinamarca - Flatschart Horns
Fig 2 – Trompa barroca construída por Starck, em Nürnberg, 1667 – Uma das mais antigas trompas, com características próximas das atuais, preservada – Em exposição no Museu da Música de Copenhagen na Dinamarca

No século XVII a trompa consolidou seu status de instrumento para caçadores; tal como os trompetistas nas tropas militares, os caçadores se comunicavam através de diferentes tipos de toques.

A forma característica da rompa, circular, facilitou o manuseio – o caçador podia cavalgar com as rédeas em uma mão e a trompa na outra.

O interior da campana dos instrumentos maiores era frequentemente pintado para evitar ofuscar os outros cavaleiros e cavalos atrás, esse tipo de trompa, chamado até hoje de Parforce chegou às salas de concerto e às igrejas quando os caçadores adaptaram os seu toques e a sua técnicas em interpretações mais melodiosas.

O instrumento recebeu, entre muitos outros, o nomes como:

  • Waldhorn – Alemanha
  • Cor Allemand – França
  • French Horn – Inglaterra
Trompa com campana pintada - Flatschart Horns
Fig. 3 – Trompa com campana pintada

Esta notável trompa (abaixo) é uma das únicas preservadas do barroco desse tipo. A campana tem figuras de caça aplicadas à sua guirlanda (aro trabalhado na borda da campana – Kranz, em alemão).

Podemos identificar um cavaleiro, um cachorro e uma raposa, refletindo o contexto original de uso: uma caça à raposa.


Pequena trompa de caça com aro trabalhado - Wolf Wilhelm Haas, Nürnberg, 1754-1759 - Flatschart Horns
Fig. 4 – Pequena trompa de caça com aro trabalhado – Wolf Wilhelm Haas, Nürnberg, 1754-1759
Detalhe do aro da campana - Wolf Wilhelm Haas, Nürnberg, 1754-1759 - Flatschart Horns
Fig. 5 – Detalhe do aro da campana – Wolf Wilhelm Haas, Nürnberg, 1754-1759 – Flatschart Horns
 Estátua do castelo de Moritzurg em Dresden, Alemanha, 1733 mostrando uma clássica empunhadora de trompa de caça  - Flatschart Horns
Fig. 7 – Estátua do castelo de Moritzurg em Dresden, Alemanha, 1733 mostrando uma clássica empunhadora de trompa de caça

Na Inglaterra, a trompa francesa começa a ter uma função peculiar: era usada para tocar duetos como forma de diversão ao ar livre.

Tornou-se um símbolo de prestigio para a nobreza exibir um dueto de trompas para as festas da corte.

Fig 8. Dueto de trompas opostas, ilustração do livro inglês New instructions for the French Horn de 1770
Fig 9 – Trompa de caça em uma ilustração de Frans van der Meulen (1632 -1690)
Festa de caçadores, gravura de Johann Elias Ridinger (1698 -1767) mostrando o considerável crescimento de tamanho das trompas de caça - Flatschart Horns
Fig. 10 – Festa de caçadores, gravura de Johann Elias Ridinger (1698 -1767) mostrando o considerável crescimento de tamanho das trompas de caça

Não se sabe ao certo quando exatamente a trompa começou a se tornar um instrumento da orquestra.

Nas óperas do séc. XVII aparecem com frequência cenas de caça com trechos musicais baseados em séries de tons naturais, mas não se sabe dizer por quais instrumento tocados.

Há relatos de que em Hamburgo, em 1705, havia uma orquestra com duas Cor de Chasse , mas talvez fossem usadas não como parte integrante da orquestra, mas apenas para criar uma ambientação de caça em algumas apresentações.

Em 1717, Lady Mary Wortley Montagu escreveu uma carta de Viena a uma amiga descrevendo um concerto:

A música era boa se não fosse por causa desse hábito terrível de incluir com trompas de caça, o que era bastante ensurdecedor.

Lady Mary Wortley Montagu


De qualquer forma, neste mesmo ano de 1717, a trompa obteve papéis de destaque em duas peças bem conhecidas de dois compositores famosos:

  • Haendel na sua Musica Aquática (Water Music)
  • Bach no seu Concerto de Brandenburgo nº  1.

Do período barroco é concerto para duas trompas de Vivaldi (1678-1741) e os de Telemann (1681-1767) para uma, duas e três trompas.

Para executar essas peças, escritas nas mais diferentes tonalidades, as trompas eram construídos em diferentes tamanhos (comprimentos): do Dó agudo (C alto) ao Dó grave C (C-basso).

No início do século XVIII, um sistema modular foi desenvolvido com tubos (voltas) extras para prolongar ou encurtar o instrumento, e com estes foi possível alterar a afinação do instrumento.

Trompistas na orquestra, pintura Veneziana (1700-1755) - Flatschart Horns
Fig. 11 – Trompistas na orquestra, pintura Veneziana (1700-1755)
Fig. 12 – Orquestra barroca com duas trompas
Orquestra barroca com duas trompas (detalhe) - Flatschart Horns
Fig. 12 – Orquestra barroca com duas trompas (detalhe)
Trompistas tocando com campana para cima (bells up) - Desenho de Zocchi (1711–1767) - Itália - Flatschart Horns
Fig. 13 – Trompistas tocando com campana para cima (bells up) – Desenho de Zocchi (1711–1767) – Itália
Trompistas tocando com campana para cima (bells up)  - Desenho de Nicolaes Aartman (1720-1760) - Flatschart Horns
Fig. 14 – Trompistas tocando com campana para cima (bells up) – Desenho de Nicolaes Aartman (1720-1760)

Corno da Caccia (Trompa de Caça)

Com o amadurecimento da trompa como instrumento orqustral a rompa de caça (corno da caccia) segue seu desnvolvimento em paralelo comno instrumento do cotidiano, de caça e de sinalização cívico-militar.

As taxonomias e classificação para as esses insrumentos muitas vezes se confundem devido às enorme variedades estruturais e linguísticas que estes eles pode representar, mas geralmente conhecidos como:

  • Trompa de caça – Português
  • Hunting horn – Inglês
  •  Jagdhorn – Alemão
  • Corno da caccia – Italiano
  • Cor de chasse – Francês
  • Trompa de caza – Espanhol

Não existe uma definição definitiva para esse instrumento, mas greralment ele tem cerca da metade do comprimento de uma Parforce (grandes trompas de caça).

Muitas vezes Bach utilizava o corno da caccia em peças que exigiam o mesmo virtuosismo que as partes da trompete.

Corno da Caccia com orifícios de controle de afinação - Reconstrução de Matthew Parker - Flatschart Horns
Fig. 15 – Corno da Caccia com orifícios de controle de afinação – Reconstrução de Matthew Parker

Posthorn

Instrumentos que praticamente nasceu junto com o correio Europeu, por volta de 1600, para anunciar a chegada da carruagem do correio às vilas e cidades.

Conhecido como:

  • Trompa de postilhão – Português
  • Posthorn – Inglês
  • Posthorn – Alemão
  • Corno postale – Italiano
  • Cor postal, Cor de postillon – Francês
  • Corneta de posta, Cornamusa – Espanhol

Totalmente espiralado era normalmente afinado em Sib, mas também existiam versões em Fa, Mib e Re.

Algumas impostantes obras do repertório sinfônico que utilizam Posthorn:

  • 1765 – Joseph Haydn – Sinfonia n° 31, no primeiro movimento.
  • 1779 – Wolfgang Amadeus Mozart – Serenata Posthorn KV 320 em Re Maior.
  • 1896 – Gustav Mahler – Sinfonia n° 3, no trio do terceiro movimento.
 Carteiro com Posthorn- Praga - Ilustração de 1660 - Flatschart Horns
Fig. 16 – Carteiro com Posthorn– Praga – Ilustração de 1606
Carteiro com Posthorn - Boston, 1675 - Flatschart Horns
Fig 17. Carteiro com Posthorn – Boston, 1675

Fig 18. Carteiro com Posthorn - Suécia, 1675 - Flatschart Horns
Fig 18. Carteiro com Posthorn – Suécia, 1675
Fig 18. Carteiro com Posthorn – Áustria, 1648
Antigo logo  Deutsche Bundespost (Correio Alemão) estampado em um vagão ferroviário - CC BY-SA 4.0 by Hp.Baumeler  - Flatschart Horns
Fig. 19 – Antigo logo do Deutsche Bundespost (Correio Alemão) estampado em um vagão ferroviário – CC BY-SA 4.0 by Hp.Baumeler 

Fürst Pless Horn

Chamamos de Fürst Pless Horn as trompas de caça que remetem ao estilo de construção originário das unidades dos Caçadores e Fuzileiros das Forças Armadas Alemãs do final do século XIX.

Elas receberam este nome como uma referência à Hans Heinrich XI, Príncipe de Pless (Fürst Pless em alemão), Coronel de Caça dos Imperadores Guilherme I e Guilherme II da Prússia, monarca que contribuiu significativamente para a sua disseminação.

Quase todas as versões são parcialmente revestidas com uma atadura de couro na cor verde escura.

Esta atadura de couro cumpre várias funções:

  • Camuflagem estratégica para ocultar o brilho excessivo do metal.
  • Proteção em períodos de inverno, a alta condutividade térmica do metal pode congelar do músico.
  • Proteção contra a corrosão causada pela transpiração do músico.
Fürst-Pless-Horn - Acervo Pessoal - Flatschart Horns
Fig. 15 – Fürst-Pless-Horn – Acervo Pessoal