Romantismo (1830-1900)
A criação mais revolucionária dos anos 1800 foi a invenção do sistema de válvulas, uma maneira mecânica de alongar os tubos dos instrumentos naturais, tornando-os totalmente cromáticos.
Com isso, surgiu uma nova gama de instrumentos: a tuba, a família dos saxhorns e novos membros de antigas famílias de instrumentos: como trompete baixo, trombone contrabaixo e tuba wagneriana.
As bandas e orquestras de sopro acolheram os novos instrumentos de braços abertos, mas as orquestras sinfônicas demoraram mais tempo para incorporá-los.
Após a invenção dos sistema de válvulas, novos instrumentos semelhantes à trompa, alguns deles bastante bizarros, foram construídos.
Razões comerciais fizeram com que eles tivessem taxonomias conflitantes e que fossem usados apenas localmente.
Em 1856, o fabricante a Antoine Courtois apresentou o Koenig Horn em Fa projetado por Herman Koenig e um precursor da Ballad Horn.
Em 1868, a empresa Boosey & Co. começou a comercializar uma outra família de instrumentos projetada por Henry Distin baseada nas Ballad Horns.
A Ballad Horn era um instrumento de alto/tenor, mas entre 1873 e 1903, a Boosey & Co fez alguns instrumentos em versão soprano, batizados de Lied Horn.
Antoine Courtois também criou uma família baseada nas Ballad Horns, os Antoniophones.
A trompa na Alemanha e na Bohemia
Os trompetistas foram cautelosos com o sistema de válvulas, mas em menor em escala se comparados ao aos trompistas que demoraram muito tempo para aceitar uma trompa mecânica.
Na opinião deles, as válvulas “cortavam” os sons e destruíam a alma da trompa. É por isso que Johannes Brahms preferia a trompa natural, com as trocas de voltas .
Durante o romantismo, o desenvolvimento da trompa tomou vários caminhos, na Alemanha ela tinha um diâmetro de campana mais largo e som escuro.
Em 1866, o trompista Friedrich Gumpert tocou em um concerto de música de câmara no Gewandhaus de Leipzig (Alemanha) o trio op. 40 para violino, trompa e piano (1868) de Johannes Brahms juntamente com Clara Schumann (piano) e Ferdinand David (violino).
Brahms era totalmente contra a trompa de válvulas, mas recebeu de Clara Schumann uma carta sobre o ensaio para o concerto com estes dizeres:
Tocamos seu trio e o trompista foi fantástico! Sem nenhuma falha, foi esplêndido, ele tocou uma trompa de válvulas e nem sequer pensou em tocar com uma trompa natural.
Clara Schumann
Friedrich Gumpert (1841-1906) foi o mais famoso intérprete e professor de trompa na Alemanha do final do século XIX.
De 1864 a 1899, ele foi primeira rompa na Gewandhausorchestra de Leipzig. Suas publicações, que aparecem muitas vezes erroneamente sob o nome Gumbert incluem doze volumes de trechos de orquestras, quartetos de trompas, um método de trompa e muitos arranjos para trompa e piano.
A trompa na França
Na França, a trompa natural era bastante popular e na maioria dos modelos, era possível remover a parte das válvulas combinando em um único instrumento uma trompa natural e de válvulas. Eram chamadas de Sauterelle.
Além das sauterelle outros instrumentos também eram comuns trompas como esta, fabricada em 1885, com 2 válvulas conjunto extras de voltas para Re, Mib, Mi e Fa.
A trompa na Áustria
As válvulas vienenses proporcionam um som ainda mais escuro e intenso do que as trompas alemãs. Até hoje, a trompa vienense dá à Filarmônica de Viena seu charme especial.
Esse tipo de válvula, uma válvula Stötzel, porém com dois pistões para cada tubo da válvula, foi aprimorada pelo fabricante austríaco de instrumentos Leopold Ulhmann em 1830 e depois pelo alemão Christian Friederich Sadler de Leipzig.
Um grande nome desta época foi Josef Schantl (1842-1902), primeira trompa da Filarmônica de Viena. Tocou nas estreias da segunda e terceira sinfonias de Brahms e também na terceira e oitava sinfonias de Anton Bruckner.
Trompa no Reino Unido
No Reino Unido, os trompistas adotaram, em grande parte, a escola francesa.
Esta foto mostra uma trompa com duas válvulas Stötzel, provavelmente fabricada em 1846 por Thomas Key, de Londres.
Trompa nos Estados Unidos
No século XIX, muitos trompistas dos EUA vieram da Alemanha, entre eles Henry Schmitz em 1846.
Schmitz foi primeira trompa da Filarmônica de Nova York de 1848 a 1869 e da Orquestra Theodore Thomas de 1866 a 1877, e de várias outras orquestras conhecidas da época.
Foi sem dúvida o primeiro trompista solista nos Estados Unidos, em 12 de janeiro de 1856 ele estreou o concerto de Weber.
Ele também foi solista na primeira apresentação nos EUA do Konzertstück de Robert Schumann para quatro trompas em Nova York, em 4 de dezembro de 1852, apenas três anos após sua composição.
Tuba Wagneriana
Richard Wagner visitou a loja de Adolf Sax em Paris em outubro de 1853, pois pensava em usar saxhorns ou algo parecido, para incrementar a força orquestral de “O anel do Nibelungo”.
Foi o diretor Hans Richter, no entanto, quem lhe deu a ideia de construir algo que aproveitassem o bocal da trompa, pois daria aos trompistas a oportunidade de alternar facilmente entre vários tipos de instrumentos
Esse novo instrumento construído por Carl Wilhelm Moritz de Berlim. foi chamado Wagner Tuba (tuba wagneriana) e era disponível em duas versões, Sib e Fa.
Com a campana para cima, não era possível colocar a mão direita em seu interior e por isso seu timbre era um híbrido entre trompa, eufônio e trombone.
Wagner queria um instrumento capaz de entoar o motivo do Valhala de um modo sombrio como o trombone, mas de uma maneira menos incisiva como uma trompa. Nos seus trabalhos de orquestração, Wagner se ressentiu de que não havia um instrumento intermediário entre as trompas e o trombone, assim como entre as cordas existe a viola, que fica a meio termo entre o violino e o violoncelo; daí foi inventada a trompa wagneriana.
Fonte: Tuba Wagneriana
Para estréia do Ouro do Reno em 1869, as tubas wagnerianas não ficaram prontas e foram substituídas por instrumentos similares como saxhorns, barítonos e eufônios
Mais tarde, as tubas wagnerianas foram usadas também por Anton Bruckner (1824-1896) em sua Sinfonia nº 7 de 1884, por Igor Stravinsky (1882-1971) na Sagração da Primavera de 1913, por Richard Strauss (1864-1949) na sua ópera Elektra de 1909 entre outros compositores.
Posthorn
Nos séculos XVIII e XIX, os sons dos posthorns eram parte regular e significativa da vida cotidiana das pessoas, associados ao sistema postal e à entrega do correio.
Mas em 1853, o rei Maximiliano II da Baviera instruiu seus carteiros que também tocassem músicas folclóricas e canções populares em todo o interior, “para a edificação e educação cultural das pessoas.”
Por isso, muitos dos carteiros alemães começaram a usar posthorns de válvulas.